O contraventor Carlinhos Cachoeira, principal personagem da CPMI que
investiga relações criminosas mantidas por ele com políticos e
empresários, já mandou recado: se não tiver acesso a documentos mantidos
em sigilo pela Comissão instalada em dependências do Senado não vai
comparecer à oitiva marcada para terça-feira, dia 15. Sua defesa até já
recorreu ao STF.
Pelo jeito, o dileto amigo do Doutor Demóstenes Torres, homem de mais de
200 ligações telefônicas que agora além de pensar em sua defesa no
Conselho de Ética deve esconjurar diariamente a Nextel _ por acreditar
ser o aparelho habilitado nos Estados Unidos imune a grampos _, deseja
ditar o ritmo de trabalho da CPMI.
Certamente Cachoeira se anima em adiar o tamanho da bomba que pode
detonar porque mal a CPMI começou, pra valer com o depoimento de um
delegado da Polícia Federal no último dia 8, e a impressão que passa é a
de uma investigação embaraçada e confusa, que tropeça no ego de
personagens à procura de holofote, como o ex-presidente Fernando Collor.
Ele insiste na convocação do procurador-geral da República Roberto
Gurgel, que precisa mesmo dar explicações pelo fato de ter engavetado em
2009 as denúncias da operação Vegas, na qual já se identificava ações
suspeitas do senador Demóstenes Torres, e em ouvir explicações da
revista “Veja” sobre sua umbilical ligação com Cachoeira há muitos anos.
Nada contra tudo a favor, mas as gravações tornadas públicas atalhariam o
difícil trabalho da CPMI, pois grampeados ilustres e outros nem tanto
conversam com frequência nauseante sobre como se dar bem nos órgãos
públicos, tirar vantagem de licitações, derrubar autoridades, reabilitar
policiais bandidos, favorecer amigos, obter cumplicidade da Justiça,
legislar em causa própria etc. etc. etc.
Nos sete volumes do inquérito da Monte Carlo vazados para a rede social -
muito mais irá vazar, ainda bem – dão o ritmo da organização criminosa o
Doutor e o Professor, circundados por gente de confiança da dupla, pelo
defenestrado diretor da Delta, e o ilustre governador Marconi Perillo
(PSDB) tem muito o que explicar. Seu nome aparece nas várias escutas,
como aquele capaz de resolver, sem se expor naturalmente, as demandas do
crime organizado instalado em Goiás.
Se não quisesse desnortear os rumos da CPMI, bastaria o senador Collor
ler um dos tantos diálogos promíscuos para fazer ao menos meia dúzia de
boas intervenções na Comissão e encaminhar requerimentos.
Corrupção
Na coluna anterior falei sobre o PL 6826/10, parado na Câmara à espera
de votação, e que aplica penalidade civil e administrativa às empresas
corruptoras. Continua parado, enquanto no Senado o grupo de juristas
encarregado de propor mudanças no Código Penal aprovou ontem (11) a
criminalização de empresas que se envolvem em corrupção contra a
administração pública.
Imitando o padrinho
Mais à vontade no Poder, a presidente Dilma Rousseff surpreendeu: nesta
sexta-feira, 11, em Betim (MG), driblou os seguranças e saiu à rua para
cumprimentar manifestantes que pediam veto ao Código Florestal.
Aprendendo com o padrinho Lula.
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